Sabe assim, quando você está montando uma roteiro para a próxima viagem e dá de cara com uma foto de uma pequena cidade que te encanta e só de olhar dá vontade de ir conhecer?
Mas naquela viagem não caberia mais uma cidade, deixaríamos para a próxima. Continuaríamos sonhando, quem sabe um dia iríamos conhecer e seria a primeira a estar em nosso roteiro para uma próxima viagem a Itália.
Ela fica na Itália na região da Ligúria, lá no finalzinho, quase fronteira com a França. Muito pouco conhecida pelos turistas. O que é muito bom, assim ela conserva a sua essência.
A nossa viagem a Itália chegou e fomos conhecer Apricale.
Apricale, um oásis de paz e tranquilidade
Apricale é uma das 36 mais belas cidades antigas da Itália. Incrivelmente bela em cada beco. Fica no interior da Liguria no Vale Nervia. Tem cerca de 607 habitantes, o que a torna um lugar especial.
É uma das cidades Medievais mais linda da Itália.
Chegamos na Itália por Milão. A nossa viagem já estava toda programada. Escolhemos um hotel em Milão que ficasse pertinho da Estação Central, pois no dia seguinte teríamos que pegar o trem bem cedinho para Ventimiglia. Escolhemos o Hotel Holiday Inn. É um hotel com boa localização, principalmente se precisar ficar perto da estação. Se você quiser pode clicar aqui para fazer a reserva desse hotel pelo Booking.
Fomos direto a Ventimiglia. Ainda não tínhamos decidido se pegaríamos um ônibus de linha ou um táxi para chegar até Apricale. O que estava programado era ir de ônibus, pois Apricale ficava mais ou menos uns 30 km. Ia depender da nossa disposição.
Nossa viagem foi em setembro
Fomos pela Thello, bastante conforto e ótimo atendimento. Compramos nossas passagens através do site Trenitalia, com 3 meses de antecedência, o que resultou em muitos descontos. Compramos primeira classe, pagamos o valor de 58 Euros para 2 pessoas. A passagem de primeira classe estava bem mais em conta do que a segunda classe. Bingo!!! Depois dessa experiência estamos optando em comprar sempre de primeira classe, pelo simples motivo de que, na primeira classe sempre tem menos passageiros e fica mais fácil de você cuidar da bagagem e na segunda vai tão lotado que você não consegue controlar.
Na Itália principalmente os trens tem um compartimento para pequenas bagagens em cima dos bancos, porém quando você está com bagagem maior, só tem compartimento para as bagagens no fim do vagão, e se tiver com muito movimento de pessoas você tem que ficar em alerta. Claro não é como no Brasil, mas tem pessoas do mundo inteiro andando de trem e você não sabe quem são, não pense que lá não tem gatuno, tem sim.
E tem também uma vantagem, que o conforto da primeira classe é bem melhor que o da segunda, melhor até que no avião. Pegamos aquelas poltronas que tem mesinha no meio, muito bom para colocar livros, agenda, laptop, câmeras, lanchinho, etc.
Como vocês podem ver, super tranquilo na primeira classe.
Passamos por várias cidades balneárias durante a viagem. Queria ter visto da janela do trem, a famosa cidade de Sanremo, onde acontece os Festivais de Sanremo, mas não foi possível, como nesse trajeto tem muitos túneis, justamente em Sanremo a gente passa por baixo de um deles e na estação não se vê nada.
Foto by Haydée Marques
Saímos de Milão às 07:05 e chegamos em Ventimiglia às 11:00. São 4h de viagem, mas nada cansativo, pois as paisagens são tão lindas que você nem percebe.
Não leve muita bagagem quando for viajar de trem, leve no máximo uma mala média e uma pequena de mão ou de preferência uma mochila. Como tínhamos ainda muito chão pela frente, (faríamos também um cruzeiro pelo Mediterrâneo e o norte da Itália) estávamos com duas malas grandes e duas de mão, e toda a parafernália do nosso trabalho, câmeras, laptop, cadernos de anotações e tudo mais que um blogueiro usa para trabalhar quando viaja. Como assim, blogueiro trabalha enquanto viaja? Sim, trabalhamo muito, tirando fotos, fazendo filmagens, descarregando fotos, anotando tudo sobre a viagem. Durante a viagem aproveitamos e trabalhamos ao mesmo tempo, mas é um trabalho que nos dá prazer.
Mamma mia!! Sofremos um pouco, pois em pequenas estações como Ventimiglia tem que descer as escadas para passar para o binário (portão) de embarque, e depois subir. Isso que já tivemos experiência em Livorno com muito mais bagagens. Mas a gente vai aprendendo. Um garoto nos ajudou. Il ragazzo era molto gentile.
Chegando em Ventimiglia fomos procurar o ponto de ônibus que vai para Dolceacqua e Apricale. O ponto de ônibus fica bem pertinho da estação, mas como estávamos com as bagagens e com fome, resolvemos ir de taxi até Apricale. Pagamos mais ou menos 40 euros que valeram a pena.
Pela estrada eu não perdia nada, queria estar bem atenta para ver a primeira vista de Apricale. De repente depois de uma curva lá estava ela, imponente no alto, nunca vou esquecer. De tão emocionada que fiquei esqueci de pedir para o motorista parar, para eu tirar uma foto desse momento. Ficou só na minha memória esse instante, era como se eu estivesse fazendo parte da história medieval desse lugar, é uma cidade super rústica que guarda sua história em cada pedra de suas casas. Mesmo com o passar dos anos ela parece continuar a mesma, está intacta.
Chegamos ao hotel Apricus Locanda B&B, e não tinha ninguém na recepção. Usamos a maneira antiga para alguém atender, batemos palma. Aí surgiu uma senhora que vinha correndo subindo a ladeira, era a Jeanette, que tinha saído um pouquinho bater um papo com a vizinha. Logo percebemos que íamos nos hospedar em um B&B com o mais autentico jeito de ser. Ela nos atendeu com muito carinho. Chegada a hora de descer e subir novamente degraus com as malas. Jeanette a esposa de Arturo só ria da gente. Enfim chegamos no quarto, estilo medieval era a decoração do quarto.
Só quem não teve a oportunidade de viajar pela Toscana, Provence, e alguns lugares medievais da Europa, não sabe o quanto é gratificante ficar nesses B&B, a atenção e o carinho com que a gente é tratado, não é igual a nenhum hotel de luxo. Seu proprietário Arturo e sua esposa Jeanette fizeram tudo para que a gente se sentisse em casa.
Descanso merecido antes de conhecer a pequena Apricale.
Foto by Haydée Marques
Com certeza, a vista da janela do nosso quarto convidava para um descanso. Chovia e fazia frio.
Um pequeno raminho de alecrim com uma singela fitinha nos chamou a atenção.
Todo carinho para o hóspede
Recebemos a chave do nosso quarto que nos dava o direito de chegar a hora que quiséssemos.
"E'stato davvero la nostra casa"
Levantamos bem cedinho e tomamos o café da manhã em um lugar encantador. Foi servido na parte de fora da pousada. Os produtos do café da manhã são produzidos na própria pousada.
Cada cantinho tinha seu charme!!
Foto by Haydée Marques
Pequenas flores enfeitavam a piscina.
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Un giro per Apricale
Foto by Haydée Marques
Todas direções levavam a algum lugar.
Nossos pés também, porque por aqui, só se pode andar a pé
Apricale é uma cidade muito pequenina. Tudo por aqui se faz a pé. Só passam por aqui pequenos tuck-tucks, que pertencem as pessoas que aqui vivem. São usados principalmente pelos proprietários de hotéis e pousadas. Carregam neles, produtos, alimentos, e as malas dos hóspedes, principalmente hóspedes com muitas malas, kkkk.
As ruas são estreitas e sinuosas, construídas bem antes mesmo de cavalos e carros.
Chegamos a uma piazza, na qual acontecem vários eventos de Apricale. Na piazza se encontra o restaurante La Capanna di Baci, onde se pode comer os pratos tradicionais e também experimentar o doce Zabajone com Pansarole, típico da região.
Apricale é muito bem preservada, tem um centro histórico que pode ser visitado. O castelo, seus jardins, o museu com história da aldeia e praça são dignos de exploração.
No centro da vila há uma pequena praça, onde estão localizados a Igreja Paroquial e o Castelo do Lagarto, atualmente propriedade da cidade, é um lugar de inúmeros eventos culturais e abriga o museu de história de Apricale. Originalmente o castelo tinha duas torres e foi semelhante ao de Dolceacqua, em seguida , o último dos dois pé esquerdo foi transformado na Torre Chie sino adjacente.
Nesta praça acontece exposições artes, festivais de cultura e é onde o povo da cidade se encontra. Tem uma lojinha onde você poderá comprar lembrancinhas e livros sobre a história da cidade. Tem também um restaurante.
Tuck-Tuck, carregando pedra
Pelo nosso caminho
Foto by Haydée Marques
Apricale parou no tempo, às vezes se tem a impressão que vamos encontrar algum cavaleiro medieval andando pelas ruas.
Foto by Haydée Marques
Bateu a fome, que tal chegarmos para comer alguma coisa?
Comprei em uma lojinha pelo caminho. Será nossa mascote para nossas viagens pela Itália.
Boa companhia, bela vista e a comida deliciosa!!
Esta salada de queijo de cabra com pêssegos.... é dos Deuses !!!
É para comer rezando. Esse tipo de queijo de cabra você só encontra na Europa. Ele tem uma casquinha fininha por fora e quando você morde ele explode na boca, como se fosse um creme. Hummm....maravilhoso!!
Nosso jantar, uma pizza para fechar o dia.
E assim anoiteceu em Apricale. Fomos a pé para o hotel e ai começamos a viajar na imaginação. Indagávamos, quem será que a muitos séculos atrás andou por essas ruas? Seriam cavaleiros medievais e damas com suas roupas elegantes? Será que havia algum fantasma por ali para assustar os turistas? Quanta imaginação!
Foto by Haydée Marques
No dia seguinte fomos conhecer um pouco mais de Apricale. Ao andar por essas ruas os sinos da igreja começaram a tocar.
Muitas pousadas e B&B
Foto by Haydée Marques
Nos cantinhos escondidos muitas galerias de arte e restaurantes. Por ser um lugar tranquilo e acolhedor, artistas de várias partes do mundo optaram em viver em Apricale. Até o Monet já passou por aqui.
Foto by Haydée Marques
No passeio desse dia encontramos uma senhorinha muito querida. Ela estava andando pela rua com uma certa dificuldade e eu tentei ajudá-la. Perguntei se eu podia acompanhá-la e ajudá-la, ela falou que não precisava. Mas vendo a sua dificuldade em se equilibrar naquelas pedras, insisti novamente. Peguei a sua bolsa e dei meu braço para ela se apoiar. Não sei o que passou pela sua cabeça, será que ficou com medo ou pensou que eu estava querendo roubá-la? Mas enfim a minha intenção foi das melhores possíveis e também por adorar conversar com essas pessoas, elas sempre tem ricas histórias para nos contar. Piano, piano ela foi me contando que, todos os dias ela sai pelas ruas para passear, pois é o único passeio que pode fazer sozinha. Contou que sempre tem pessoas que param para conversar. Fiquei imaginando como deveria ser a sua vida naquela cidade que era tão encantadora para a gente visitar, mas não sei se seria também para morar.
Encontramos pelas ruas muitas pessoas idosas e muitos gatos. Por falar em gatos, contam que os gatos tem uma sensibilidade e gostam de ficar em lugares como esses, cheios de histórias. Fico imaginando o que eles devem sentir e ver. Me deu vontade naquele momento de ser um, para poder ver tudo o que se passava do outro lado do tempo. Loucura? Não. Pura curiosidade.
Será nossa mascote em nossas viagens pela Itália
Lojinha onde comprei a nossa lambretinha italiana.
E para fechar o dia tivemos a benção de apreciar este espetacular pôr do sol de Apricale.
Apricale não é uma cidade muito turística. Quando a gente fala dessa cidade, ninguém sabe dela e nem sabem onde ela fica. Eu também não sabia. Foi pesquisando para a nossa viagem a Ligúria que eu pela primeira vi uma foto dessa cidade, e meus olhos se encantaram com a imagem. Pensei, um dia vou conhecer. A cidade não tem muitos atrativos, mas tem uma paz, uma energia que só encontrei em Le Ciele, pertinho de Cortona. Se você quer agito nem pense em ir para lá, só vá se essas fotos te tocarem o coração.
Esta cidade é para as pessoas que gostam de história, gostam de apreciar, sentir e sonhar.
O B&B que ficamos se chama Apricus Locanda, você pode reservar esse hotel através do Booking. Nós só temos boas indicações quanto a esse hotel.
No próximo dia fomos até Dolceacqua que fica pertinho, é só descer as montanhas.
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